• 1º de dezembro – Dia Mundial de Luta contra a Aids

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19 de setembro de 2023 por 

O Dia Mundial de Luta contra a Aids foi criado pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1º de dezembro de 1988. A data é um marco na luta contra o HIV e Aids e foi provocada por mais de 200 mil ativistas e pessoas vivendo com o vírus, que protestaram Washington (EUA) durante a realização da 3ª Conferência Internacional de Aids, que aconteceu em 1987. Elas queriam ser ouvidas pela comunidade científica e pelo mundo, pois até aquele momento, não havia tratamento, o silêncio era uma forma de morte.

A iniciativa se espalhou, ganhou vários adeptos e até hoje o 1º de dezembro é marcado como o dia de uma campanha global que combate o preconceito, a desinformação e o estigma que ainda perduram em torno da doença. Em várias partes do mundo há atividades de conscientização e iluminação em vermelho simbolizando a renovação do compromisso na luta e no enfrentamento da doença.

A Síndrome de Imunodeficiência Adquirida – AIDS teve seu início na década de 1980, nos Estados Unidos, e ingressou no século XXI desafiando a comunidade científica. Doença do sistema imunológico humano resultante da infecção pelo vírus HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana – da sigla em inglês), a AIDS se caracteriza pelo enfraquecimento do sistema imunológico do corpo, com o organismo mais vulnerável ao aparecimento de doenças oportunistas, que são doenças que normalmente o corpo humano controla, mas que na presença do HIV se manifestam com maior frequência. Entre elas estão a toxoplasmose, tuberculose ou alguns tipos de câncer. 

As principais formas de transmissão do HIV são: sexual; sanguínea (em receptores de sangue ou hemoderivados e em usuários de drogas injetáveis, ou UDI); e vertical (da mãe para o filho, durante a gestação, parto ou por aleitamento). Além dessas formas, mais frequentes, também pode ocorrer a transmissão ocupacional, ocasionada por acidente de trabalho, em profissionais da área da saúde, ao sofrerem ferimentos com instrumentos perfurocortantes contaminados com sangue de pacientes infectados pelo HIV.

 A epidemiologia do HIV/AIDS confirma a feminização no perfil social dos pacientes soropositivos no Brasil. Em 2020, havia 37,7 milhões de pessoas vivendo com HIV. Destas, 53% são mulheres e meninas, na faixa etária entre 20 e 49 anos, pertencentes às classes sociais menos favorecidas, e residentes nas periferias urbanas. Desprotegidas e desamparadas, muitas vítimas ainda precisam lidar com o medo e o grande preconceito que recai sobre a vida das soropositivas. O apoio moral e psicológico torna-se fundamental para o enfrentamento do medo (que muitas das vezes torna-se paralisante) e são válvulas vitais para oportunizar a essas mulheres ressignificarem suas vidas.

 A síndrome do medo é desencadeada no momento em que a mulher se depara com o diagnóstico, já que ainda não há cura para a doença. Muitas, a partir deste momento, se desestruturam emocionalmente diante de uma possibilidade de morte precoce, e perdem qualquer esperança mediante a expectativa de vida. A situação de HIV/AIDS desorganiza a vida das mulheres contaminadas, assim como em suas famílias, trabalho, nos grupos de amigos, estendendo-se a toda a sociedade. 

O HIV desperta sentimentos negativos como pena, revolta e culpa. As mulheres são categorizadas e julgadas podendo ser vítimas ou culpadas. Há necessidade de políticas de educação permanente para todos, sociedade profissionais de saúde, postos de atendimento, para que haja uma política efetiva de desconstrução dos estereótipos que recaem sobre as pessoas com diagnóstico positivo.

Na década de 1980, surgiram os medicamentos antirretrovirais (ARV) que atuam para impedir a multiplicação do HIV no organismo. Eles ajudam a evitar o enfraquecimento do sistema imunológico e seu uso regular é fundamental para aumentar o tempo e a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV, reduzindo o número de internações e infecções por doenças oportunistas. No Brasil, desde 1996, o SUS – Sistema Único de Saúde distribui gratuitamente os medicamentos para HIV/Aids a todas as pessoas que necessitam de tratamento.

Embora pouco falado nos últimos tempos, o HIV representa um dos maiores problemas de saúde pública atual e demanda empenho por todo o poder público, pela sociedade e profissionais de saúde, a fim de proporcionar qualidade de vida por meio da prevenção da doença.  Nas últimas décadas, a epidemia no mundo e, mais especificamente no Brasil, apresentou transformações epidemiológicas e sociais diferentes daquelas do início. Antes os soropositivos eram limitados e estereotipados a grupos específicos como homossexuais, profissionais do sexo e usuários de drogas. Hoje o perfil dos contaminados inclui mulheres, crianças e também idosos.

A testagem de HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis (IST) fica disponível nos Centros Municipais de Saúde e clínicas das cidades. O tratamento é gratuito pelo SUS. A pessoa com diagnóstico de HIV/Aids fazendo acompanhamento regular, com infecção estiver controlada, pode levar uma vida normal, e ter uma vida sexual ativa e saudável, se protegendo sempre. Campanhas como o dezembro Vermelho são importantes para combater os preconceitos e todas as situações de discriminação e estigmatização por parte da sociedade.

A questão do HIV precisa ser compreendida a partir da perspectiva social da saúde, considerando as condições de classe social, geração, gênero, raça, etc., pois estas produzem diferenças na exposição ao vírus e seus efeitos.

A Aids se constitui em um sério problema no contexto da Saúde Pública, de caráter pandêmico. O país que já foi considerado um exemplo de enfrentamento da epidemia há alguns anos atrás, nos últimos tempos anos ficou praticamente silencioso diante da questão. As campanhas públicas minguaram, daí a importância do dezembro Vermelho, para chamar atenção desse grave problema com orientações e informações pertinentes. 

  • Elaborado por Cris Odara

Para saber mais:

Dezembro Vermelho: mês da luta contra a AIDS (ufc.br)

Mulheres com HIV/AIDS: fragmentos de sua face oculta 

SciELO – Brasil – Mulheres com HIV/AIDS: fragmentos de sua face oculta Mulheres com HIV/AIDS: fragmentos de sua face oculta

Estatísticas – UNAIDS Brasil

https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/Aids_etiologia_clinica_diagnostico_tratamento.pdf

https://bvsms.saude.gov.br/acabar-com-as-desigualdades-acabar-com-a-aids-acabar-com-as-pandemias-01-12-dia-mundial-de-luta-contra-a-aids/

https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-nordeste/ch-ufc/comunicacao/noticias/201cdezembro-vermelho201d-e-mes-de-conscientizacao-sobre-o-hiv-e-a-aids

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