• Ana de Pernambuco (séc. XVII)

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7 de fevereiro de 2025 por 

Indígena prisioneira de guerra.

Ana de Pernambuco foi uma mulher indígena capturada pelas forças coloniais portuguesas durante a Guerra dos Bárbaros, também conhecida como Levante dos Tapuias. Este conflito teve início em 1687 e representa um dos mais significativos episódios de resistência das nações indígenas nordestinas contra a expansão violenta dos colonizadores portugueses, que receberam terras do Rei de Portugal como recompensa por sua participação na expulsão dos holandeses.

O combate armado contra os povos indígenas não apenas representava a invasão e o desrespeito aos territórios e soberania dessas populações, mas também servia como meio de capturar pessoas para a escravidão, uma prática comum no Brasil colonial. Ana de Pernambuco é um exemplo significativo desse processo, registrada em um inventário paulista como “presa de guerra”. O documento revela que ela foi vendida por 300 e tantas oitavas de ouro, um valor que demonstra não apenas a desumanização dos povos indígenas, mas também a presença do cativeiro indígena como prática estruturante da economia e sociedade colonial.

A captura de Ana ocorreu em um contexto marcado pela violência dos colonizadores do interior das capitanias nordestinas, que tentavam expulsar os indígenas de suas terras para expandir o domínio português. Encontrando resistência organizada e belicamente preparada, os colonizadores recorreram à ajuda dos bandeirantes paulistas, conhecidos por sua brutalidade e por promoverem grandes expedições de apresamento de indígenas.

O registro da vida de Ana de Pernambuco é emblemático porque revela a extensão do cativeiro indígena, especialmente de prisioneiros de guerra. Inventários e testamentos paulistas da época atestam a recorrência desse tipo de captura, com muitos indígenas sendo transportados e comercializados em diversas regiões, como a Bahia e o Sudeste.

Contar a história de Ana de Pernambuco não é apenas relembrar uma figura individual. É resgatar uma memória coletiva de resistência, invasão territorial, crimes de guerra e escravidão. A história de Ana simboliza as muitas vidas brutalizadas pela barbárie colonial europeia e nos desafia a refletir sobre os impactos dessa violência na sociedade contemporânea.

Assim, é fundamental continuar falando sobre Ana de Pernambuco e sobre as guerras que escravizaram inúmeras “Anas”, perpetuando um legado de violação e resistência que ecoa até os dias atuais. Ana é um nome, mas também é a voz de uma luta que não deve ser esquecida.

Palavras-Chave/TAG: #escravidao #colonialidade #liberdade #guerradosbarbaros

Texto Adaptado do verbete contido no Dicionário Mulheres do Brasil: Emilson Gomes Junior e Schuma Schumaher.

REFERÊNCIAS

  • Produções acadêmicas:

SCHUMAHER, Schuma; VITAL BRAZIL, Érico. Dicionário Mulheres do Brasil, de 1500 até a atualidade: biográfico e ilustrado. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.

Site:

A Guerra dos Bárbaros – Campos Soares, Lenin -22 de julho de 2021 – https://www.nataldasantigas.com.br/blog/guerra-dos-barbaros#:~:text=A%20chamada%20Guerra%20dos%20B%C3%A1rbaros,ap%C3%B3s%20a%20expuls%C3%A3o%20dos%20holandeses.

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