Educadora, escritora e ativista política.
Eunice Caldas foi uma das mais relevantes educadoras brasileiras do século XX. Nasceu em Caldas, Minas Gerais, aos 15 dias de novembro de 1879, anos após sua família ter sido expulsa da cidade de Guaxupé, Minas Gerais, por motivos religiosos. Eunice era irmã de Vital Brazil Mineiro da Campanha, médico e sanitarista, e de Oscar Americano de Caldas, engenheiro. Eunice e seus irmãos contribuíram amplamente para a educação, a saúde e a economia do país, exercendo suas atividades em diferentes campos do conhecimento.
Eunice Caldas formou-se professora pela Escola Normal da Capital Caetano de Campos, um centro de excelência na formação de professores no Brasil da época. Em 1900, ela assumiu o cargo de diretora do primeiro grupo escolar estabelecido em Santos, o “Dr. Cesário Bastos”. Em 1902, Eunice contribuiu para a fundação da sucursal da Associação Feminina Beneficente e Instrutiva em Santos, São Paulo. Esta associação, também fundada pela educadora Anália Franco Bastos, tinha como objetivo formar professoras no Liceu Feminino Santista e educar crianças nas Escolas Maternais. Além disso, Eunice fundou a associação “O Espírito Feminino”, com o objetivo de congregar todas aquelas interessadas no problema social, na educação feminina e nos direitos da mulher na sociedade.
Além de sua atuação na educação, Eunice Caldas contribuiu significativamente para a literatura brasileira, com o intuito primordial de educar e transformar mentalidades. Publicou seu primeiro livro em 1907 e continuou a escrever por 19 anos. Dentre seus trabalhos, 14 foram editados e 6 permanecem inéditos. Alguns dos títulos publicados pela autora incluem: Scenas domesticas, de 1907, Instituto Maria Braz, de 1912, e Inezilha Braz, de 1914 – trilogia; Paiz fulgurante, de 1935, coletânea poética; Amphitrite, de 1924 – coletânea poética; Brazil, de 1926 – livro didático; Geografia Infantil, ano de publicação desconhecido – livro didático; e As moças da moda, 1915 – peça de teatro.
A obra Inezilha Braz foi recomendada para ser adotada nas escolas, incentivando a sua leitura pelas “meninas das classes adiantadas”. Já a peça As moças da moda incentivava o respeito às mulheres em sua diversidade, usando o bom humor para denunciar e combater a misoginia da época.
Eunice Caldas faleceu em 31 de julho de 1937. Hoje, décadas após a sua morte, não podemos mensurar o real impacto que sua atuação feminista, pedagógica e literária teve em sua geração. No entanto, uma de suas contribuições à sociedade brasileira é facilmente observável até os dias de hoje: o Liceu Santista. Não por menos, o texto A educação… e as antigas escolas da seção Histórias e Lendas de Santos – Ensino da página Novo Milênio expõe o seguinte: “E se à dona Eunice de Caldas se deve o entusiasmo da fundação daquela agremiação, a outras mulheres de nossa cidade se deve o prosseguimento dessa obra que representa, sem dúvida, um autêntico patrimônio da cidade de Santos. Não faltavam a d. Eunice de Caldas boas colaboradoras. E entre as suas primeiras companheiras, uma outra figura se destacou: d. Robertina Simonsen, que foi a sucessora de d. Eunice de Caldas.”
Palavras-Chave/TAG: #feminismo #educação #igualdade #intelectualidade #literatura #teatro
Elaborado por: Emilson Gomes Junior
REFERÊNCIAS
- Produções acadêmicas:
CAPUTO, Melissa Mendes Serrão. “AS MOÇAS DA MODA”: LITERATURA E EDUCAÇÃO FEMININA NA PRIMEIRA REPÚBLICA. IV Congresso Brasileiro de História da Educação: Santos, 2006.
- Sites:
ROSATO, Hamleto. A educação… e as antigas escolas. Histórias e Lendas de Santos – Ensino. Novo Milênio, 2006. Disponível em: Novo Milênio: Histórias e Lendas de Santos: A educação… e as antigas escolas (4b-2) (novomilenio.inf.br)
FOTOGRAFIA
© Reprodução da Internet