• Heleieth Saffioti (1934 – 2010)

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11 de setembro de 2023 by 

Escritora, feminista, socióloga e professora universitária.

Heleieth Iara Bongiovani Saffioti nasceu em Ibirá (SP), em 4 de janeiro de 1934. Na região onde nasceu não existia iluminação elétrica, o tempo da vida e do trabalho transcorriam iluminados pelo sol e pela lamparina. De família pobre, seu pai era pedreiro e sua mãe costureira. Desde criança, seu espírito desafiador subverteu as rodas do destino. Ela dizia que, por ser pobre e mulher, impunham a ela dois caminhos: ser costureira ou dona de casa. Subversiva, Saffioti tornou-se uma das intelectuais brasileiras mais respeitadas tanto no Brasil quanto no exterior.

Sua trajetória escolar foi marcada por percalços, dedicação e esforço. Ela frequentou a escola somente até o 4º ano do ensino fundamental, quando teve que se mudar com os pais para o sertão. Lá, não havia escolas para o ano de Heleieth, o que a levou a atuar como monitora dos estudantes menores. Aos 13 anos, três anos após a mudança para o interior, mudou-se para a casa de uma tia, em Avaré, São Paulo. No entanto, a doença da tia, pouco tempo depois da sua chegada, fez Heleieth mudar-se para Itapetininga. No entanto, mais uma vez, ela precisou partir para outro lugar para que pudesse retornar aos estudos. Depois de tantos deslocamentos, chegou a São Paulo para cursar a Escola Normal.

Escrevendo sua própria história, casou-se com Waldemar Saffioti aos 22 anos, em 1956, com quem teve um filho. Após o casamento, passou 1 ano nos Estados Unidos, onde teve contato com intelectuais, como Michel Lövy, Roberto Schwarz, Gabriel Bolaffi.

Diplomou-se em Ciências Sociais pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo (USP) em 1960, quando iniciou pesquisas acadêmicas sobre a condição feminina no Brasil. Em 1967, defendeu a tese de livre-docência, intitulada A mulher na sociedade de classes: mito e realidade, sob orientação do professor Florestan Fernandes, na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Araraquara, da Universidade Estadual de São Paulo (UNESP). A tese foi publicada como livro em 1969, possuindo uma relevante contribuição para os estudos sobre direitos das mulheres e o papel destas na sociedade. A publicação do livro ocorreu no momento em que o movimento de mulheres se fortalecia como sujeita coletiva, razão pela qual o livro tornou-se um sucesso, levando-o à condição de best-seller. Sendo publicado, inclusive, em inglês, o livro fez com que Heleieth se tornasse reconhecida mundialmente.

Nos seus estudos, Heleieth Saffioti aponta a relação entre o capitalismo e a condição da mulher na sociedade. A competência e a repercussão de seus estudos levaram Heleieth à cadeira de regente de Sociologia na UNESP. Ela tornou-se referência para os estudos de gênero.

Mesmo aposentada como professora titular pela UNESP, continuou incentivando estudos sobre a condição feminina numa perspectiva marxista, participando de seminários e congressos, orientando dissertações de mestrado e doutorado. Ainda, tornou-se pesquisadora do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) junto ao departamento de Psicologia da USP, foi professora participante da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo e professora visitante na Faculdade de Serviço Social da UFRJ.

Em 2005, no âmbito do Projeto Mil Mulheres para o Nobel da Paz, foi uma das 52 brasileiras indicadas ao Prêmio pelo reconhecimento de sua contribuição para os direitos das mulheres.

Em 2013, a Câmara Municipal de São Paulo estabeleceu o Prêmio Heleieth Saffioti de forma a homenagear ativistas feministas e organizações de mulheres que tenham contribuído e atuado na defesa dos direitos das mulheres no município de São Paulo. O nome do prêmio foi também uma forma de homenagear Saffioti, uma das maiores intelectuais da área.

Entre suas obras publicadas, estão: Profissionalização feminina: professoras primárias e operárias (1969), Emprego doméstico e capitalismo (1978), Do artesanal ao industrial: a exploração da mulher (1981), O fardo das trabalhadoras rurais (1983), Mulher brasileira: opressão e exploração (1984), Poder do macho (1987), Mulher brasileira é assim (1994) e Violência de gênero: poder e impotência (1995).

Heleieth Saffioti faleceu aos 76 anos, em 2010, em decorrência de uma hipertensão arterial  sistêmica.

Palavras-Chave/TAG: #feminismo #socióloga #amulhernasociedadedeclasses

#mulheresraçaeclasse #feminismo marxista

Texto Adaptado do verbete contido no Dicionário Mulheres do Brasil por: Ana Laura Becker, Elaine Gomes, Schuma Schumaher e Sofia Vieira.

REFERÊNCIAS

  • Produções acadêmicas:

MENDES, Juliana Cavilha e BECKER, Simone. Entrevista com Heleieth Saffioti. Revista Estudos Feministas [online]. 2011, v. 19, n. 1, pp. 143-166. Disponível em: Entrevista com Heleieth Saffioti | Revista Estudos Feministas (ufsc.br). Acesso em: 30 out. 2021.

SCHUMAHER, Schuma; VITAL BRAZIL, Érico. Dicionário Mulheres do Brasil, de 1500 até a atualidade: biográfico e ilustrado. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.

  • Sites:

BERTONI, Estêvão. Heleieth Iara Bongiovani Saffioti (1934-2010) – Defendeu os

direitos das mulheres. São Paulo: Folha de São Paulo, 2010. Disponível em: Folha.com – Cotidiano – Heleieth Iara Bongiovani Saffioti (1934-2010) – Defendeu os direitos das mulheres – 15/12/2010 (uol.com.br). Acesso em 30 out. 2021.

Heleieth Saffioti. Latin America and the Carribeans. Disponível em: Heleieth Saffioti (Brazil) | WikiPeaceWomen – English. Acesso em 30 out. 2021.

Prêmios Institucionais. São Paulo: Centro de Memória CMSP. Disponível em: Centro de Memória – Câmara Municipal de São Paulo (saopaulo.sp.leg.br). Acesso em 25 jul 2022.

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