
Freira e Mártir da Independência.
Joana Angélica de Jesus, nasceu no dia 12 de dezembro de 1761, em Salvador, Bahia, filha de Catarina Maria da Silva e de José Tavares de Almeida. Ingressou no Convento da Lapa, na cidade de Salvador, em 1782, fazendo sua profissão de fé em 1783, como irmã Joana Angélica de Jesus, da Ordem das Religiosas Reformadas de Nossa Senhora da Conceição. A madre Joana Angélica foi escolhida abadessa da congregação em 1815, por vontade das demais religiosas do convento, e ocupou essa posição até 1817. Sua relevância cultural para a comunidade católica é hoje observada, por exemplo, no texto Conheça a história de Madre Joana Angélica e inspire-se, da Canção Nova. Pela perspectiva cívica, nota-se sua relevância através do texto A primeira heroína da Independência do Brasil, do Plenarinho, página da Câmara dos Deputados voltada à cidadania infantil. Afinal, segundo a Prefeitura de Salvador, Joana Angélica foi o estopim para o despertar do 2 de julho de 1822, marcando a Independência na Bahia, logo seguida da Independência em todo o Brasil.
Joana Angélica morreu no dia 19 de fevereiro de 1822, por um golpe de espada desferido por um soldado da tropa do brigadeiro Madeira de Melo, chefe do exército português que combatia, na Bahia, as milícias brasileiras pró-Independência. Tinha mais de 60 anos e era uma das mais antigas residentes do convento. Foi com essa autoridade que se pôs à porta da clausura, entre 11 e 12 horas da manhã, do dia 19 de fevereiro, tentando barrar o avanço dos soldados do brigadeiro Madeira. Antes de invadir o Convento da Lapa, os soldados, desde a manhã daquele dia, já haviam saqueado tudo que encontraram no caminho. Com tal disposição, prepararam-se para penetrar na clausura do convento, mas encontraram a resistência de Joana Angélica, que teria proferido as seguintes palavras: “Detende-vos, bárbaros, aquelas portas caíram aos vaivéns de vossas alavancas, aos golpes de vossos machados, mas esta passagem está guardada pelo meu peito, e não passareis, senão por cima do cadáver de uma mulher!” Recebeu então no peito o golpe que lhe causou a morte instantânea. Em prantos, as outras religiosas foram autorizadas pelo comandante da operação a se transferirem para o Convento da Soledade, nas proximidades.
A morte da madre Joana Angélica deu mais alento à luta pela independência travada pelo povo baiano. A religiosa se tornou um símbolo da resistência contra o autoritarismo português. Foi enterrada na sepultura de número 9 da Igreja da Lapa, situada no interior do convento. Apesar de seu papel fundamental como mártir da independência, seu nome foi apagado da historiografia oficial por muito tempo. Segundo a historiadora Maria da Glória sobre heroínas nacionais: “o sumiço de seus nomes nos relatos deste episódio é resultado justamente da lógica machista de um tempo em que a atuação delas era omitida dos registros, somado a uma historiografia que as ignorava”. Buscando reparar este cenário, Joana Angélica foi um dos destaques da exposição Mulheres Pioneiras: Elas Fizeram História, realizada pela Câmara dos Deputados em 2016. Joana foi retratada como um “um símbolo da resistência contra o autoritarismo português”. Similarmente, o cardeal Sergio da Rocha, então arcebispo de Salvador e primaz do Brasil em 2022, exaltou Joana Angélica como uma das “figuras marcantes do itinerário rumo à independência […] por integrar um outro ‘exército’, formado por mulheres que traziam consigo a cruz e o rosário, assassinada às portas do convento.”
Texto Adaptado do verbete contido no Dicionário Mulheres do Brasil por: Emilson Gomes Junior e Schuma Schumaher.
Palavras-Chave/TAG: #religiosa #heroinadaindependencia #heroinabaiana #madre #lutacontraosportugueses
REFERÊNCIAS:
- Produções acadêmicas:
SCHUMAHER, Schuma; BRAZIL, Érico Vital. Dicionário Mulheres do Brasil: de 1500 até a atualidade, biográfico e ilustrado. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
- Sites:
A primeira heroína da Independência do Brasil.Plenarinho, Câmara dos Deputados, 18 de março de 2025. Disponível em: A primeira heroína da Independência do Brasil – O Legislativo para crianças – Câmara dos Deputados. Acesso em 2 jul 2025.
Joana Angélica: freira vítima da tirania portuguesa foi estopim para o despertar do 2 de Julho. Prefeitura de Salvador. Disponível em: Joana Angélica: freira vítima da tirania portuguesa foi estopim para o despertar do 2 de Julho – Secretaria de Comunicação. Acesso em 2 jul 2025.
ROCHA, Cardeal Dom Sergio da. Conheça a história de Madre Joana Angélica e inspire-se. Canção Nova, Santuário do Pai das Misericórdias. Disponível em: Conheça a história de Madre Joana Angélica e inspire-se – Santuário do Pai das Misericórdias. Acesso em 2 jul 2025.
VEIGA, Edison. Joana Angélica, a mártir católica que é considerada heroína da Independência. Bled, BBC Brasil, 19 de fevereiro de 2022. Disponível em: Joana Angélica, a mártir católica que é considerada heroína da Independência – BBC News Brasil. Acesso em 2 jul 2025.