• Mariana Crioula (séc. XIX)

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17 de maio de 2024 por 

Quilombola e líder política

Mariana Crioula é uma figura emblemática na história do Brasil, conhecida por sua liderança na insurreição de 1838, que lutou pela liberdade e resistência contra a escravidão. Foi uma mulher negra brasileira cujo papel foi fundamental para a comunidade quilombola da região do atual município de Vassouras, estado do Rio de Janeiro.

Mariana Crioula viveu em Pati de Alferes, distrito da vila de Vassouras, região do Vale do Paraíba, tendo sido escravizada para exercer as funções de mucama e costureira de Francisca Xavier, escravocrata proprietária de fazendas cafeeiras. Casada com José, homem negro escravizado que trabalhava forçosamente nas lavouras. Escravizados em funções diferentes, José vivia na senzala, enquanto Mariana vivia na Casagrande.

Em 1838, Mariana Crioula emergiu como líder durante a insurreição de Pati de Alferes, também conhecida como revolta de Manuel Congo. Liderados por Manoel Congo, Mariana e aproximadamente 300 escravizados fugiram para formar um quilombo após matarem o feitor de uma fazenda vizinha. Mariana destacou-se como a “rainha” do quilombo, junto ao “rei” Manoel Congo.

A Guarda Nacional mobilizou cerca de 160 homens para perseguir aqueles que resistiam àquilo que o artigo 7º, c, do Estatuto de Roma define como crime contra a humanidade: a escravidão. Em 11 de novembro de 1838, após perseguição, 20 escravizados foram mortos, e 22 capturados, incluindo Mariana Crioula e Manoel Congo. Durante o julgamento, enquanto Manoel Congo foi condenado à execução, Mariana Crioula foi absolvida, com apoio dos capturados que não a reconheceram como líder perante o julgamento pelos seus algozes.

Mariana Crioula foi oficialmente reconhecida como Heroína do Estado do Rio de Janeiro pela Lei nº 5.899, de 24 de fevereiro de 2011. Seu nome foi dado ao Espaço Criarte Mariana Crioula (ECMC), um núcleo do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM) focado na educação popular na Ocupação Manuel Congo. Criado em 2008, o ECMC tem como objetivo a educação de crianças e jovens, promovendo a formação política e social.

Outras homenagens incluem a criação de uma sala na Câmara Municipal de Vassouras, o filme “Ngangula, o Ferreiro de Paty” de Pedro Sol, e o documentário “Mariana Crioula – Um grito de resistência” de Ricardo Andrade Vassíllievitch. Ricardo também produziu as peças “A saga de Manuel Congo e Mariana Crioula, os heróis da resistência” e “Mariana Crioula, um grito de resistência”. Um quadro retratando Mariana Crioula, feito pelo artista Ubiratan Lima, foi doado para a Secretaria de Cultura de Vassouras em 2018.

Mariana Crioula continua a ser lembrada como uma figura de resistência e coragem, simbolizando a luta contra a escravidão e pela liberdade no Brasil.

Palavras-Chave/TAG: #mulhernegra #política #escravidão #colonialidade

Texto Adaptado do verbete contido no Dicionário Mulheres do Brasil e do Mulheres Negras do Brasil por: Emilson Gomes Junior e Schuma Schumaher.

 REFERÊNCIAS

  • Produções acadêmicas:

DE VARGAS, Eliseu Júnio Leite. Insurreição quilombola e ordem senhorial: quilombo em Vassouras, no Vale do Paraíba Fluminense, em 1838. Curso de Mestrado em História da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro: Nova Iguaçu, 2012. Disponível em: Outro (ufrrj.br). Acesso em 22 nov 2022.

LOBO, Olívia Dulce. LAURA CONGO E A FAMÍLIA ESCRAVA DO BARÃO DE TINGUÁ: REFLEXÕES SOBRE A FAMÍLIA NO VALE DO PARAÍBA FLUMINENSE (1830-1888). Programa de Pós-Graduação em História – PPGH da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO: Rio de Janeiro, 2017. Disponível em: Microsoft Word – Olivia Lobo Dissertação completa final.docx (unirio.br). Acesso em 22 nov 2022.

RÊDES, Laura; NEVES, Vinícius. O desafio da educação popular na luta pela reforma urbana: o exemplo do Espaço Criarte Mariana Crioula (ECMC) na Ocupação Manuel Congo (MNLM-RJ). Dossiê Direito à Cidade, v. 10, n 16: São Paulo, 2019. Disponível em: O desafio da educação popular na luta pela reforma urbana: o exemplo do Espaço Criarte Mariana Crioula (ECMC) na Ocupação Manuel Congo (MNLM-RJ) | Mosaico (fgv.br). Acesso em 22 nov 2022.

SANTOS, Raul de Aldeida. MST no Rio de Janeiro e Acampamento Mariana Crioula: pensando avanços e recuos na luta pela terra de Gramsci. XXIX Simppósio Nacional de História – Contra os preconceitos: História e Democracia: São Paulo, 2017. Disponível em: 1488828107_ARQUIVO_MSTnoriodejaneiroeacampamentomarianacrioulaRaulSantos.pdf (anpuh.org). Acesso em 19 jun 2023.

SCHUMAHER, Schuma; VITAL BRAZIL, Érico. Dicionário Mulheres do Brasil, de 1500 até a atualidade: biográfico e ilustrado. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.

SCHUMAHER, Schuma; VITAL BRASIL, Érico. Mulheres Negras do Brasil. Senac Editora: Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: Mulheres Negras do Brasil 9788574582252 – DOKUMEN.PUB. Acesso em 23 nov 2022.

SOUZA, Alan de Carvalho. Paty do Alferes: o sentido migratório de sua insurreição (Rio de Janeiro, 1838). ANPUH – XXV Simpósio Nacional de História: Fortaleza, 2009. Disponivel em: Paty do Alferes: o sentido migratório de sua insurreição (Rio de Janeiro, 1838) (anpuh.org.br). Acesso em 22 nov 2022.

  • Sites:

Fundo Brasil. Centro de Assessoria Jurídica Popular Mariana Criola. Disponível em: Centro de Assessoria Jurídica Popular Mariana Criola – Fundo Brasil. Acesso em 22 nov 2022.

Vale do Café. Marianna Crioula, a rainha guerreira da insurreição de 1838. 13 de maio de 2021. Disponível em: Marianna Crioula, a rainha guerreira da insurreição de 1838 – Revista Vale do Café (revistavaledocafe.com.br). Acesso em 22 nov 2022.

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