Escritora, jornalista, tradutora e primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras e a receber o Prêmio Camões.
Rachel de Queiroz nasceu em 17 de novembro de 1910, em Fortaleza (CE). Sua família era formada por intelectuais, como o primo e escritor José de Alencar, e sua tataravó, Bárbara Pereira de Alencar, líder da revolta republicana iniciada no Nordeste em 1817. Em 1915, Rachel e seus familiares, com o intuito de fugir da seca do sertão, mudaram-se de Quixadá para o Rio de Janeiro, onde viveram por dois anos. Em seguida, foram para Belém do Pará e só voltaram para Fortaleza em 1919.
A escritora iniciou sua trajetória literária escrevendo cartas para o jornal O Ceará sob o pseudônimo de Rita de Queluz, ou R. de Q., nos anos de 1920. As cartas fizeram tanto sucesso, que sua identidade foi revelada e, aos 16 anos, ela foi contratada como colunista do jornal. Em 1930, Rachel publicou seu primeiro romance, O Quinze, que narra o êxodo para a capital de trabalhadores da região de Logradouros e de Quixadá, no sertão do Ceará, em busca de meios para sobreviver. Em paralelo, conta ainda a história do amor impossível entre uma professora e um proprietário rural. O livro foi muito bem recebido pela crítica.
Na década de 1930, Rachel integrou os quadros do Partido Comunista Brasileiro. Nessa época, casou-se com o poeta José Auto da Cruz Oliveira, com quem ficou de 1932 a 1939. O casal teve uma filha, Clotilde, que faleceu com menos de dois anos, vítima de septicemia. Nesse mesmo período, Rachel escreveu o livro João Miguel (1932), no qual relata o drama de um presidiário. O livro foi considerado ainda melhor que o primeiro.
Em 1937, Rachel foi presa pelo Estado Novo. No mesmo ano, publicou o livro Caminho de Pedras, onde narra os problemas de um casal comunista sob perseguição policial. Em seguida, publicou o romance As Três Marias (1939), no qual pela primeira vez escreveu em primeira pessoa, narrando memórias da infância.
No início dos anos 1940, Rachel deixou a militância comunista. No entanto, ainda atuou politicamente, participando da campanha que levou ao fim o Governo Vargas (1946). Em 1940, casou-se com o médico Oyama de Macedo, com quem viveu até 1982, quando ficou viúva.
Em 1948, Rachel escreveu A Donzela e a Moura Torta. Em 1950, a escritora publicou o livro O Galo de Ouro. Em seguida, mudou-se para o Rio de Janeiro e começou a escrever para jornais e revistas cariocas. É o caso da seção Última página, no O Cruzeiro, a qual fez sucesso durante décadas. Ainda nos anos de 1950, Rachel publicou duas peças: Lampião (1953) e A beata Maria do Egito (1958). Em 1957, a escritora recebeu o Prêmio Machado de Assis pelo conjunto de sua obra. Rachel de Queiroz também era tradutora, tendo traduzido cerca de 40 livros para o português.
Na década de 1960, a escritora colaborou com a articulação do Golpe Militar de 1964, que depôs o Presidente João Goulart. Rachel de Queiroz era do partido Arena e chegou a ser convidada para se tornar ministra da Educação e ser embaixadora do Brasil na ONU. Ambos os convites foram recusados. Nesse período, a escritora publicou O Brasileiro Perplexo (1964), O Caçador de Tatu (1967) e O Menino Mágico (1969).
Em 1975, foi publicado Dora, Doralina e, no ano seguinte, As Menininhas e Outras Crônicas. Em 4 de novembro de 1977, Rachel de Queiroz se tornou a primeira mulher a ingressar na Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira nº 5. Na década de 1980, escreveu os livros O Jogador de Sinuca e Mais Historinhas (1980) e Cafute e Pena-de-Prata (1986). A escritora ainda recebeu o Prêmio Nacional de Literatura de Brasília (1980) pelo conjunto da obra, o Título de Doutor Honoris Causa pela Universidade Federal do Ceará (1981) e a Medalha Rio Branco, do Itamarati (1985).
O romance Memorial de Maria Moura, publicado em 1992, quando a autora tinha 82 anos, chegou rapidamente à lista dos mais vendidos. A obra conta a vida de Maria Moura, órfã, que se envolve em brigas com seus primos por herança de terras. O livro trouxe para Rachel de Queiroz numerosos prêmios, como o de Romance do Ano, conferido pela Associação Paulista de Críticos de Arte, o de Intelectual do Ano, conferido pela União Brasileira de Escritores e, por fim, o Prêmio Camões, que é concedido em Lisboa para o melhor autor do ano em língua portuguesa, sendo a primeira mulher a recebê-lo. O romance foi adaptado para a televisão, com enorme sucesso. Na década de 1990 ainda publicou os livros Cenas Brasileiras (1995), Nosso Ceará (1997) e Tantos Anos (1988). Este último a escritora escreveu junto com sua irmã Maria Luíza, sendo considerado um livro de memórias.
Rachel de Queiroz faleceu em casa, no dia 4 de novembro de 2003, no Rio de Janeiro.
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Texto Adaptado do verbete contido no Dicionário Mulheres do Brasil por: Elaine Gomes, Schuma Schumaher e Sofia Vieira.
REFERÊNCIAS
- Produções acadêmicas:
GUERELLUS, Natália de Santanna. Rachel de Queiroz Política: uma escrita entre esquerdas e direitos no Brasil (1910-1964). Caderno Espaço Feminino, v. 29, n. 1 –Jan./Jun. 2016. Uberlândia-MG. Disponível em: Vista do Rachel de Queiroz política: uma escrita entre esquerdas e direitas no Brasil (1910-1964) (ufu.br). Acesso em 25 jun 2023.
MENDES, Fernanda Coelho. “O milagre e o sertão”: a atuação política e intelectual de Rachel de Queiroz durante o Governo Médici. São Paulo: Revista Latino-Americana de História, 2019. Vol. 08, nº. 22 – ago./dez. Disponível em: “O milagre e o sertão”: a atuação política e intelectual de Rachel de Queiroz durante o governo Médici | Revista Latino-Americana de História- UNISINOS. Acesso em 25 jun 2023.
SCHUMAHER, Schuma; VITAL BRASIL, Érico. Dicionário Mulheres do Brasil, de 1500 até a atualidade: biográfico e ilustrado. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
- Sites:
Rachel de Queiroz. Academia. Disponível em: https://www.academia.org.br/academicos/rachel-de-queiroz/biografia
Rachel de Queiroz. Ebiografia. Disponível em: https://www.ebiografia.com/rachel_queiroz/. Acesso em 25 jun 2023.
FOTOGRAFIA
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