Ex-escravizada, comprou sua própria alforria
Pouco se sabe da vida desta mulher negra que acumulou, no século XVIII, recursos suficientes para adquirir sua alforria. Bernarda comprou sua liberdade de Manoel de Moura Alves. Vivia no Rio de Janeiro, quando se casou com Francisco José Botelho, porém não tiveram filhos. As relações sociais eram tão complexas à época e marcadas profundamente pela chaga da escravidão que Bernarda adquiriu, como escrava, a sua própria mãe, Marta de Sousa, aparentemente para servi-la.
Em 1755, viúva e doente, Bernarda registrou em cartório a liberdade de sua mãe, pois conforme as leis da época, na ocasião de sua morte, toda sua propriedade, inclusive os escravizados em sua posse, seriam leiloados, tendo em vista que todos os seus bens iriam para o Estado, em razão da ausência de herdeiros. Na ocasião da concessão da alforria de sua mãe, informou que sua manutenção como escravizada decorreu do objetivo de “conservá-la em sua companhia, tratando-a com a veneração devida”. Para Bernarda, manter sua mãe em cativeiro durante a sua vida era prova do amor que sentia por ela.
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Texto Adaptado do verbete contido no Dicionário Mulheres do Brasil por: Emilson Gomes Junior, Elaine Gomes e Schuma Schumaher.
REFERÊNCIAS
● Produções acadêmicas:
CAVALCANTI, Nireu Oliveira. “Crônicas do Rio colonial”. Jornal do Brasil 28 de junho de 1999.
SCHUMAHER, Schuma; VITAL BRAZIL, Érico. Dicionário Mulheres do Brasil, de 1500 até a atualidade: biográfico e ilustrado. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
● Sites:
Bernarda de Souza Mulher 500 anos atrás dos panos. Disponível em: Bernarda de Sousa (séc. XVIII) – Mulher 500 Anos Atrás dos Panos