• Baku Sateré-Mawé (1953 – 2018)

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11 de setembro de 2023 por 

Indígena, matriarca, professora, parteira, curandeira, pajé.

Baku Sateré-Mawé – em português Zelinda da Silva Freitas – nasceu em 1953, na aldeia Ponta Alegre, em Barreirinha, localizada na Terra Indígena Andirá Marau, no Baixo Rio Amazonas. Aos 19 anos, Baku foi para Manaus, após a morte de seu pai, junto com sua mãe, dona Tereza – considerada a matriarca dos Sateré-Mawé e a primeira mulher líder na etnia -, suas irmãs e irmãos. Baku casou-se com Benedito Freitas, também do povo Sateré-Mawé, e juntos tiveram seis filhos, duas meninas e quatro meninos.

A aldeia Sahu-Apé foi fundada há aproximadamente 30 anos, à margem do rio Ariaú, no município de Iranduba, localizado a 80 km de Manaus. Baku foi taxaua – liderança política dos povos indígenas, representando a sabedoria da aldeia. Do tupi, o termo significa “aquele que manda”. Sendo conhecido na língua portuguesa como cacique – e pajé da comunidade indígena matrilinear dos Sateré Mawé. Apesar de o terreno ter sido doado pela prefeitura, a aldeia sofreu por décadas com ameaças de desapropriação, bem como manifestações de racismo ao longo dos anos.

Inicialmente, as famílias da aldeia sobreviveram com visitas de turistas e venda de artesanatos. Com o passar dos anos, passaram a praticar o turismo educacional. Baku era procurada não só por conta do artesanato, mas também pelo interesse dos turistas de fazerem consultas e tratamentos de saúde física e espiritual.

Anos após o estabelecimento da aldeia, Baku foi contratada como professora de língua sateré-mawé, integrando o corpo docente do município de Iranduba. Baku foi a única aposentada com título de professora sem ter recebido educação formal, tendo sido pioneira na região, abrindo o caminho para que outros indígenas também fossem contratados como professoras.

Ainda, Baku era conselheira de muitas pessoas que a buscavam para receber palavras de conforto. Também foi parteira, tendo ajudado no parto de muitos netos e bisnetos, além de ter auxiliado muitas mulheres que queriam ter filhos, mulheres grávidas e crianças.

Baku faleceu à meia-noite de domingo, 22 de julho de 2018, ao lado do filho Ismael, o Sahu. Seus sucessores são sua filha Midian, taxaua da aldeia, seu filho Sahu, com a missão da cura, e seu filho João, que é professor em Sahu-Apé. Baku encontra-se enterrada na aldeia, ao lado de sua mãe.

Palavras-Chave/TAG: #indígena #matriarca #professoraindígena #pajé

Elaborado por: Emilson Gomes Junior, Schuma Schumaher e Sofia Vieira.

REFERÊNCIAS

  • Produções acadêmicas:

NASCIMENTO, Solange Pereira do. VIDA E TRABALHO DA MULHER INDÍGENA: O protagonismo da tuxaua Baku na comunidade Sahu-apé, Iranduba/AM. Manaus: UFAM – Universidade Federal do Amazonas, 09 de março de 2010. Disponível em:  TEDE: Vida e trabalho da mulher indígena: o protagonismo da tuxaua Baku na comunidade Sahu-apé, Iranduba – AM (ufam.edu.br). Acesso em 19 jun 2023.

  • Sites:

Aldeia sateré-mawé preserva cultura com ritual da tucandeira. Manaus: Amazônia Real, 25 de novembro de 2013. Disponível em:  Aldeia sateré-mawé preserva cultura com ritual da tucandeira – Amazônia Real (amazoniareal.com.br). Acesso em 19 jun 2023.

FARIAS, Elaíze. Baku e seu protagonismo feminino no movimento indígena. Manaus: Amazônia Real, 30 de julho de 2018. Disponível em: Baku e seu protagonismo feminino no movimento indígena   – Amazônia Real (amazoniareal.com.br). Acesso em 19 jun 2023.

FREIRA, José R. Bessa. Lua de sangue: Baku, Pedro Inácio e Rubinho. Manaus: D24am, 29 de julho 2018. Disponível em: Lua de sangue: Baku, Pedro Inácio e Rubinho (d24am.com). Acesso em 19 jun 2023.

SOUZA, Marina. Índia do AM vence barreira do sexo e se torna pajé: ‘eles tiveram que aceitar’. Manaus: G1 AM, 07 de maio de 2014. Disponível em: G1 – Índia do AM vence barreira do sexo e se torna pajé: ‘eles tiveram que aceitar’ – notícias em Amazonas (globo.com). Acesso em 13 jun 2023.

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