• Eva Barreto (1870/1880 – 1941)

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11 de setembro de 2023 by 

Matriarca quilombola e proprietária rural de terra.

Eva Barreto foi uma mulher negra bem-sucedida na compra e manutenção de um terreno rural no século XIX, ainda durante período escravocrata. Conforme exposto no Relatório Técnico-Científico sobre os remanescentes da comunidade Quilombos de Capivari/Capivari-SP, Eva Barreto e seu esposo, Gonçalo de Campos Pacheco, formariam o núcleo familiar mais antigo da região. O casal teve aproximadamente 8 filhos. Conforme exposto no relatório: “Como veremos no capítulo 5, a família de Eva Barreto permaneceu no sítio de maneira intermitente; muitos partiram em direção às cidades buscando um modo de vida menos árduo que a lida na terra, mas ainda assim sempre houve um membro da família na área”.

O Relatório supra deixa claro que Eva Barreto era a chefe da família. Neste sentido, destacamos o caráter excepcional de sua trajetória: mulher negra, nascida sob regime de escravidão ou filha de vítimas diretas do regime genocida escravocrata, conquistou independência socioeconômica através de seu trabalho. Inclusive, conforme exposto por Schuma Schumaher e Érico Vital Brazil em Mulheres Negras do Brasil: “Eva Barreto comprou o sítio de Santa Rita de Cássia, em Capivari, no interior de São Paulo. A aquisição desta área, de seu ‘ex-senhor’, foi fruto de anos de redobrado trabalho.”

Conforme consta no trabalho Filosofia Afro-Brasileira: epistemologia, cultura e educação na Caiumba Paulista, de Antonio Filogenio de Paula Junior, o quilombo Capivari, conhecido como Sítio Santa Rita de Cássia, localiza-se a 18km do centro de Capivari. O trabalho afirma que a região é um importante território do batuque. Ainda, Antonio informa que a família Barreto havia chegado à região aproximadamente em 1860, vinda da África. A partir deste momento, a família de Eva Barreto se distribuiu por fazendas de Piracicaba, Porto Feliz e Itu.

Em 1941, Eva Barreto faleceu. A partir do inventário, as terras foram repartidas entre seus filhos, conforme demonstra o Relatório supra. Já em 1979, após a morte de João de Campos – filho de Eva Barreto –, Antonio Sampaio – neto da matriarca – interrompeu o arrendamento e retomou a atividade de pequena produção agrícola de subsistência. A partir deste momento, o sítio passa a ser mais frequentado pela família, especialmente através de festas de fim de ano. Importa lembrar que a descendência de Eva Barreto é extensa, e que muitos membros decidiram ampliar seus horizontes e se mudar para regiões tanto próximas quanto afastadas do sítio. Por fim, mencionamos que Antonio faleceu em 1992, de forma que sua esposa e suas filhas se tornaram proprietárias do sítio.

Palavras-Chave/TAG: #quilombo #escravidão #agricultura

Texto Adaptado do Livro Mulheres Negras do Brasil por: Emilson Gomes Junior e Schuma Schumaher.

REFERÊNCIAS

  • Produções acadêmicas:

Governo do Estado de São Paulo. Relatório Técnico-Científico sobre os remanescentes da comunidade Quilombos De Capivari/Capivari-SP. São Paulo: 2003. Disponível em: RTC Capivari (ufpr.br). Acesso em 19 jun 2023.

JUNIOR, Antonio Filogenio de Paula. Filosofia Afro-Brasileira: epistemologia, cultura e educação na caiumba paulista. Piracicaba: Universidade Metodista de Piracicaba, Faculdade de Ciências Humanas, Programa de Pós-Graduação em Educação, 2019. Disponível em: 18012021_131009_antoniofilogeniodepaulajunior_ok.pdf (unimep.br). Acesso em 19 jun 2023.

SCHUMAHER, Schuma; VITAL BRAZIL, Érico. Mulheres Negras do Brasil. Senac Editora: Rio de Janeiro, 2006. Disponível em: Mulheres Negras do Brasil 9788574582252 – DOKUMEN.PUB. Acesso em 19 jun 2023.

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