• Maria Bonita (1911 –  1938)

  • Voltar
11 de setembro de 2023 por 

Cangaceira. Primeira mulher a participar de um bando de Lampião.

Maria Gomes de Oliveira, mais conhecida como Maria Bonita, nasceu no povoado de Malhada da Caiçara, município da Glória, na Bahia, no dia 8 de março de 1911. Filha de lavradores José Gomes de Oliveira e Maria Joaquina Conceição Oliveira.

Aos 15 anos, Maria Bonita foi obrigada a se casar com José Miguel da Silva, sapateiro. E nessa condição de casamento forçado o casal brigava constantemente e após as desavenças ela buscava abrigo na casa dos pais. Em 1928 decidiu se separar do marido – numa época em que uma mulher se separar era inconcebível.

Em 1929, Maria Bonita conheceu Lampião, Virgulino Ferreira da Silva, quando ele andava com seu bando pelas fazendas de sua região. A aparência e o jeito de Maria Bonita chamaram a atenção de Lampião.  A atração foi recíproca.

Em seguida Maria Bonita entrou para o cangaço. Mas só se juntou ao bando de Lampião, em 1930, trocando uma vida tradicional pela peregrinação do grupo, tornando-se a primeira mulher a ingressar no cangaço.  Depois do seu ingresso, mais de 30 mulheres entraram para o bando, sendo vista com respeito pelas outras companheiras.

Maria Bonita ajudou Lampião a criar uma identidade estética para o cangaço. Criou peças e bordados que passaram a fazer parte da história do grupo.

O cangaço era marcado por uma vida nômade, onde muitas vezes as mulheres se alimentavam mal, tinham que andar quilômetros debaixo de sol e chuva. Além disso, havia os combates violentos entre cangaceiros e policiais.

Os jornais da época apontavam as mulheres do cangaço como bandoleiras, megeras e amantes. Quando ficavam grávidas, as mulheres eram escondidas e depois do nascimento do filho tinham que entregar o bebê para amigos para voltar ao cangaço. Maria Bonita engravidou oito vezes, mas apenas uma sobreviveu. Em 1932, deu à luz a Expedita, que foi criada por amigos do casal que não viviam no cangaço.

Durante oito anos, até 1938, Maria Bonita e Lampião viveram do banditismo social até o bando sofrer um ataque surpresa de policiais. O grupo foi encontrado na Grota de Angicos, em Poço Redondo, Sergipe. No dia 28 de julho de 1938, a polícia executou Maria Bonita, Lampião, Enedina e mais 08 cangaceiros. Segundo relato do médico legista, Maria Bonita e Lampião teriam sido degolados vivos.

Ao contrário do que se conta, em geral, as mulheres não participavam dos combates, permanecendo em lugares seguros, com algumas exceções. Em geral, as mulheres entravam para o bando de Lampião como uma forma de escapar da vida de opressão familiar, de sair de um mundo limitado para um mundo livre, de aventuras. Maria Bonita acompanhou Lampião de livre e espontânea vontade e morreu ao seu lado.

Palavras-Chave/TAG: #cangaceira #pioneira #resistência

Texto Adaptado do verbete contido no Dicionário Mulheres do Brasil por: Elaine Gomes, Schuma Schumaher e Sofia Vieira.

REFERÊNCIAS

  • Produções acadêmicas:

SCHUMAHER, Schuma; VITAL BRAZIL, Érico. Dicionário Mulheres do Brasil, de 1500 até a atualidade: biográfico e ilustrado. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.

  • Sites:

Rainha do Cangaço: quem foi Maria Bonita? Aventuras na Historia, 12 de janeiro de 2020. Disponível em: Rainha do Cangaço: Quem foi Maria Bonita? (uol.com.br). Acesso em 20 jun 2023.

Maria Bonita. Ebiografia. Disponível em: Biografia de Maria Bonita – eBiografia. Acesso em 20 jun 2023.

110 anos de Maria Bonita. Correio Brasiliense. Disponível em: 110 anos de Maria Bonita: Rainha do Cangaço faria aniversário no Dia da Mulher (correiobraziliense.com.br) Acesso em 20 jun 2023.

Categoria: Biografias - Comentários: Comentários desativados em Maria Bonita (1911 –  1938)