• Maria de Lourdes Lima Soares Tupinambá (Desconhecida – atualmente)

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12 de setembro de 2023 por 

Cacique

Cacique Kawany Lourdes Tupinambá é líder do Movimento dos Indígenas não Aldeados do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba – MInA. Segundo o texto homônimo Kawany Lourdes Tupinambá, da Universidade Federal de Uberlândia – UFU, o MInA foi fundado pela Cacique Kaun Poty Guarani, ou Maria Virginita de Oliveira, que “cruzou o rio”, faleceu, em 2018, deixando a liderança com a Cacique Kawany. Assim, tornou-se responsável por representar cerca de 80 indígenas de várias etnias. O texto da UFU revela sobre o MInA: “Hoje a maior demanda e sonho do MInA é o reconhecimento de sua memória enquanto grupo, das suas terras ancestrais e da identidade indígena, através da luta pela destinação de área pública para território em área urbana com acesso à água e vegetação nativa para criação de aldeia com saneamento adequado, de que nesse território as famílias tenham condições de gerar trabalho e renda a partir dos conhecimentos tradicionais, produzindo alimentos e comercializando os excedentes, e que ainda possam ter acesso à saúde psicossocial a fim de fortalecer a relação dos indígenas com a natureza e o território.”

Nascida em Cariri, Ceará, região da Chapada do Araripe, Kawany foi forçada a se casar aos 14 anos. Após fugir do homem com quem passou a conviver, foi em busca de sua mãe. No entanto, sua mãe havia fugido das terras ancestrais ao lado de outros índios, uma vez que “coronéis” ocuparam a região. Cacique Kawany chegou em 1990 a Uberlândia, grávida de um filho enquanto cuidava de sua filha a tira colo. Na cidade paulista, a Cacique teve mais três filhos após se casar novamente. Logo após o término de seu segundo casamento, em 2004, Kawany conheceu a querida Cacique Poty, sendo acolhida pela falecida líder política.

No artigo Tomando posse da história: o legado de resistência, de Cacique Kawany Lourdes Tupinambá, Daniella Santos Alves e Gabriela Gonçalves Junqueira, a Cacique revela sua trajetória com detalhes, desde seu nascimento próximo a Barbalha, Juazeiro, Missão Velha, Crato, até a sua eleição para o posto de cacique. Nesse sentido, trazemos trecho no qual a Cacique Kawany relembra sua juventude: “Eu fui criada por meus avos porque meu pai morreu eu tinha 11 meses e entregou eu para os meu avos, para minha madrinha me criar. Minha mãe foi vendida a pau de arara, veio embora pra Rio Verde, Goiás, em Santa Helena, onde ela foi vendida e escravizada por um turco, uma família de turco. E eu fui criada e registrada como filha dos meus avós. Na idade de 12 anos foi que eu descobri que eu não era filha, era neta, então foi onde eu comecei a curiosidade pra conhecer minha mãe e comecei a entrar em contato, fiquei rebelde na adolescência, entrei na rebeldia e com quatorze anos fizeram meu casamento com um cara a força, eu casei e foi a destruição da minha vida.” Cacique Kawany também revela sobre os abusos sofridos no casamento, a descoberta do contato com a sua mãe, o consumo de álcool e cigarro, a experiência da maternidade e muitos outros aspectos tocantes de sua trajetória.

Há uma notícia recente que demonstra o pioneirismo da Cacique Kawany: o seu nome oficial tornou-se Maria de Lourdes Lima Soares Tubinambá após sentença judicial expedida pela 5ª Vara Civil da Comarca de Uberlândia, assegurado o direito de usar a designação de sua etnia em seu nome. O caso foi exposto pela reportagem Cacique desaldeada consegue direito de incluir etnia em seu nome, do Diário de Uberlândia. Para a matéria, a Cacique declarou: “Indígena aldeado ou não aldeado, nu ou vestido, é indígena. Como um brasileiro fora do Brasil não deixa de ser brasileiro, nós somos indígenas aonde nós formos ou estivermos.” Ainda, refletiu: “Precisamos deixar isso para nossos filhos, netos, bisnetos e futuras gerações, para nossa história continuar.” A advogada da ação, Neiva Flávia, docente da Faculdade de Direito – Fadir da UFU, atuando através do Escritório de Assessoria Jurídica Popular – Esajup, informou ao jornal que a decisão abre novas possibilidades, uma vez que a resolução conjunta do Conselho Nacional do Ministério Público – CNMP e o Conselho Nacional de Justiça – CNJ, de 19 de abril de 2012, trata apenas dos indígenas aldeados em matéria de reconhecimento de direito de inclusão de nome de etnia no nome oficial do cidadão indígena.

Palavras-Chave/TAG: #mulheres #política #igualdade #pedagogia #ativismo #colonialismo #machismo #pioneirismo #musica #oralidade #indigena #povosoriginarios

Elaborado por: Emilson Gomes Junior e Schuma Schumaher

REFERÊNCIAS:

  • Produções acadêmicas:

TUPINAMBÁ, Cacique Kawany Lourdes; ALVES, Daniella Santos; JUNQUEIRA, Gabriela Gonçalves. Tomando posse da história: o legado de resistência da Cacique Kawany Lourdes Tupinambá. Revista Nãnduty: Dourados, 2018. Disponível em: QUANDO O OUTRO PENSA O EU | Encontro Internacional de Gestão, Desenvolvimento e Inovação (EIGEDIN) (ufms.br). Acesso em 21 mar 2023.

  • Sites:

Diário de Uberlândia. Cacique desaldeada consegue direito de incluir etnia em seu nome. Disponível em: Cacique desaldeada consegue direito de incluir etnia em seu nome – Diário de Uberlândia | jornal impresso e online (diariodeuberlandia.com.br). Acesso em 21 mar 2023.

Universidade Federal de Uberlândia. Kawany Lourdes Tupinambá. Portal de Eventos: Uberlândia. Disponível em: Kawany Lourdes Tupinambá | Portal de Eventos da Universidade Federal de Uberlândia (ufu.br). Acesso em 21 mar 2023.

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