Segunda engenheira agrônoma do Brasil.
Victoria Rossetti nasceu em 15 de outubro de 1917, em Santa Cruz das Palmeiras (SP), filha de Lina Pozzo e Thomaz Rossetti. Sua família que já possuía tradição na área: seu avô foi professor de agronomia na Itália e seu pai se formou agrônomo antes de emigrar para o Brasil. Victoria seguiu os passos paternos e ingressou na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, em Piracicaba, São Paulo. Segundo Schuma Schumaher e Érico Vital Brazil, em 1939, ela se tornou a primeira mulher a se formar engenheira agrônoma no estado de São Paulo e a segunda no Brasil. Segundo o Instituto Biológico de São Paulo, ela é reconhecida nacional e internacionalmente como uma das maiores autoridades em doenças de plantas cítricas. O Instituto relembra que Victoria Rossetti também foi Pesquisadora Emérita do Estado de São Paulo. Já o CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico revela que Victoria recebeu 55 prêmios nacionais e 12 internacionais, sendo ainda condecorada com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Emérito Científico da Presidência da República do Brasil, em junho de 2004.
Essa conquista foi resultado de uma longa luta das feministas da época. Importante destacar que havia a primeira onda feminista, marcada pela luta sufragista que reivindicava o direito ao voto e à educação das meninas e mulheres. Neste sentido, podemos refletir sobre o cenário vivido por Victoria Rossetti a partir do livro Abrealas, fruto do projeto Mulher 500 anos atrás dos panos. A publicação, lançada no XIII Encontro Nacional Feminista em João Pessoa (PB), resgata a memória das ativistas que batalharam pelo direito das mulheres ao ensino superior. Um excelente exemplo desse período é Victoria Rossetti que logo após sua formatura, iniciou um estágio no Instituto Biológico do estado de São Paulo, sob a supervisão de Agesilau Bittencourt, um dos maiores fitopatologistas do Brasil.
Em busca de aprimorar seus estudos foi para os Estados Unidos onde fez vários cursos, com destaque para o de Estatística Experimental na Universidade de Carolina do Norte, em 1947, e de fisiologia de ficomicetos (tipo de fungos) na Universidade da California.
Em 1957, assumiu a Chefia da Seção de Fitopatologia Geral do Instituto Biológico, tornando-se Diretora da Divisão de Patologia Vegetal em 1968, cargo no qual se aposentou em 1987. Inovadora, Victoria fez uma descoberta importante ao identificar um porta-enxerto resistente à gomose de Phytophthora, uma doença vegetal que causa secreções nas plantas. Ao longo de sua carreira, publicou 415 trabalhos científicos e recebeu 55 prêmios nacionais e 12 internacionais, estabelecendo-se como uma das maiores especialistas em fitopatologia. Seus estudos sobre as doenças de laranjeiras e limoeiros transformaram a citopatologia, incluindo a descoberta de curas para doenças que afligiam esses vegetais. Entre 1963 e 1966, foi presidente da Organização Internacional de Virologistas de Citros, uma posição que reforça seu reconhecimento global na área.
Victoria Rossetti optou por não casar, dedicando sua vida inteiramente à ciência. Após sua aposentadoria compulsória em 1987, ao completar 70 anos, ela continuou ativa na pesquisa e na orientação de novas gerações de agrônomos. Sua trajetória é um marco na agronomia e, também, uma inspiração para as mulheres que ousaram romper com os espaços ocupados majoritariamente por homens. Reflexo disso, a história de Veridiana Victoria Rossetti é divulgada por organizações como a ABC – Academia Brasileira de Ciências, o Instituto Biológico de São Paulo e o CNPq. De fato, crucial preservar a memória da formidável pesquisadora, em vista de sua imensurável contribuição para a engenharia agrônoma brasileira e mundial.
Continuava trabalhando, quando em 2003, foi diagnosticada com os primeiros sintomas de Alzheimer. Faleceu no dia 26 de dezembro de 2010, de pneumonia, aos 93 anos
Texto escrito por: Emilson Gomes Junior e Schuma Schumaher.
Palavras-Chave/TAG: #engenharia #engenhariaagronoma #saopaulo #doencas #pesquisa #agronomia #machismo #primeiraonda #ciencias #história #academia #internacional #feminismo
REFERÊNCIAS:
- Produções acadêmicas:
SCHUMAHER, Schuma; VITAL BRAZIL, Érico. Dicionário Mulheres do Brasil, de 1500 até a atualidade: biográfico e ilustrado. 2. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
- Sites:
Nossa História. Redeh – Rede de Desenvolvimento Humano: Rio de Janeiro. Disponível em: REDEH | Nossa História. Acesso em 30 ago. 2024.
Veridiana Victoria Rossetti. ABC: Rio de Janeiro. Disponível em: Veridiana Victoria Rossetti – ABC. Acesso em 30 ago. 2024.
Victoria Rossetti. Instituto Biológico de São Paulo: São Paulo. Disponível em: Página Inicial – Instituto Biológico (biologico.sp.gov.br). Acesso em 30 ago. 2024.
Victoria Rossetti (1917 – 2010). CNPq: Belo Horizonte, 15 de julho 2023. Disponível em: Beatriz Nascimento – Literatura Afro-Brasileira (ufmg.br). Acesso em 30 ago 2024.